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28 de nov. de 2010

VALE A PENA LER

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: “Tenho algo importante para te dizer”. Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. De repente, eu também fiquei sem palavras. Eu disse que queria o divórcio. Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: “Por quê?” Eu evitei respondê-la. Ela jogou os talheres longe e gritou “Você não é homem!”. Meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio. Ela rasgou-o violentamente. No dia seguinte, ela me apresentou suas condições: Ela não queria nada meu, mas pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível porque nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um bom ambiente. E ainda me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.


Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu. Eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho “Não conte para o nosso filho sobre o divórcio”. No segundo dia, ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado. No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

Certa manhã, eu a observei e então percebi que ela havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias. A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso… ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração… Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. Nosso filho entrou no quarto neste momento. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Em seguida, eu a carreguei para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço.Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento. No último dia, eu me vi pronunciando estas palavras: “Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo”. Eu não consegui dirigir para o trabalho, fui até o meu futuro endereço. Jane abriu a porta e eu disse “Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque eu não soube valorizar os pequenos detalhes de nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe”. Jane me expulsou. No caminho de volta para casa, eu comprei um buquê para minha esposa e escrevi: ”Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe”. Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta. Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã.

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